quinta-feira, junho 08, 2006

Porque sim… Apetece-me… E agora?

O coração parte-se em dois nos momentos menos oportunos. E é curioso chegar ao final de um dia como outro qualquer e saber-se isso mesmo, que foi um dia qualquer, não foi o nosso aniversário, não nevou na serra da Estrela. E no peito o coração parece maior do que o que realmente é… Mas há outra parte desse mesmo coração que está muito mais pequena.

A vida devia ser construída de acordo com as nossas vontades… As tradições deviam ser mudadas para que as pessoas se sentissem bem nelas…Não há quem diga que a Tradição já não é o que era? Que coisa… A vida não é justa, nem esse seria o meu desejo, mas… Oh…Não sei… Há pessoas que vão perceber estas linhas… Outras não, mas essas que se lixem… Acabei o meu trabalho de SRV e apetece-me falar das injustiças do mundo, que também acaba por ser uma injustiça, porque os outros ainda trabalham. Devemos tratar sempre bem das pessoas que gostamos e nesse processo tentativa-erro acabamos por meter sempre os pés pelas mãos. Apetece-me rir neste momento…

E apetece-me chorar, porque uma parte de mim estará sempre incompleta. Analisando a vida de uma maneira racionalista, quando nos magoamos temos duas moletas, porque só com uma não vamos a lado nenhum… Os pagãos acreditam que tudo no planeta se organiza a pares: positivo/negativo; preto/branco; feminino/masculino… Quando nascemos vimos com a maioria dos órgãos em duplicado: dois rins, dois pulmões, dois olhos, dois ouvidos… O coração é um mas divide-se.

Tenho dois ventrículos e duas aurículas. Se assim é porque é que estando eu a acabar o meu curso me vêm dizer que só posso ter um Mestre? Ridículo, meus senhores. Não aceito. E por não aceitar estou aqui a escrever. Porque não tenho mais nada para fazer e porque me apetece, porque a minha vida é o que me apetece e pronto.

Nunca há-de doer a escolha feita, porque a escolha não foi algo pensado na hora, foi uma certeza que se foi consolidando desde há muito, muito tempo. Que se fosse um muro teria tido os seus tijolos um em cada dia, um em cada tag html transmitido, em cada dúvida que encontrava resposta do outro lado. Uma escolha baseada no meu crescimento ‘profissional’ e pessoal.

Há-de doer sempre a opção que não foi escolhida, eleita, sei lá… Soa-me tudo mal, como se não tivesse valor, como se não significasse, e isso deixa-me mal, de rastos. Essa dor há-de ser ficar cá dentro, como ficam as lembranças tristes da infância e os sorrisos a que damos outro valor quando estamos tristes. Porque, por um motivo que desconheço, essas ficam sempre, e não querem ir embora. Mas ficam também os passos de gigante que me fez dar, o dom de estar sempre lá e de me colocar em dúvida durante dois anos inteiros, porque estas coisas não se pensam na véspera.

‘Nesse templo são dois os pilares, Que protegem e guardam a entrada E fazeres o que queres será, então, o desafio.’