sexta-feira, setembro 28, 2007

Cross road

Estou a tentar seguir em frente, esquecer o que me aprisionava no passado, mas não está a resultar. E não resulta porque no fundo eu não quero esquecer aquilo que vivi, nem quero alterar o que sinto em relação a certos e determinados assuntos. As pessoas que me rodeiam podem não perceber, mas é essa a verdade (e para piorar a situação estou a sorrir neste momento, ao afirmar isto). 

A vida é como as marés. Há alturas em que se vai enchendo e nem damos por isso, até que um dia nos levantamos da toalha estendida à beira mar para ir molhar os pés e percebemos que temos de andar muito pouco. Outras alturas, ao levantarmo-nos, percebemos que se foi esvaziando e que aquilo que queremos está muito longe de nós. Alguns desistem e voltam a deitar-se; outros sabem que o querem mesmo e andam longas distâncias até lá chegar. Há ainda aquelas alturas em que estamos deitados e a água vem ter com os nossos pés, uma onda bem maior do que as outras, mas também mais efémera, que muda o nosso comportamento de imediato, mas que algum tempo depois não passa de uma lembrança.

As pessoas e os sentimentos que elas nos despertam são como as ondas. Por mais triste que esta constatação me faça sentir não a posso negar. Não queria magoar-me nem magoar ninguém que estivesse perto de mim, mas há coisas que não se conseguem evitar… 

quarta-feira, setembro 19, 2007

Mc PERFECT – I’m loving it

O trabalho custa a todos, teria de custar a mim também, mas pelo menos eu ainda consigo ter aquele sorriso nos lábios que quem me conhece sabe identificar. Nem todas as pessoas que trabalham comigo são ainda capazes de o fazer, com muita pena minha. Sempre que estou perto deles tento cultivar esses sorrisos, mas muitas vezes é impossível. De qualquer forma eu continuo feliz. (se calhar a felicidade é uma questão de teimosia, como eu sou teimosa, teimo que tenho de ser feliz e pronto, não há muito mais a fazer…)

Estou a trabalhar no Mc Doanlds do Via Catarina e, ao meu lado, tenho pessoas muito diferentes de mim, que eu não sei ainda se compreendo, mas que já me conquistaram. Ando nesta coisa dos hambúrgueres há pouco mais de 15 dias (bem feitas as contas, tirando os dias em que estive de folga, estou lá há precisamente 15 dias, mas…); às vezes os gerentes confiam demais em mim e isso deixa-me feliz, por um lado, mas mais preocupada com o meu desempenho, por outro. Às vezes, na hora em que estou a trabalhar sinto-me perdida e burra; às vezes, na hora da refeição, sinto-me deslocada e uma intrusa. No final de tudo, sinto-me bem, porque estou a sobreviver.

Além de ganhar dinheiro (sim, é verdade, no meio de todo o meu idealismo inesperado ainda mantive o meu capitalismo habitual e trabalho pelo dinheiro), estou a ganhar uma outra coisa muito importante que a minha mãe jurava que eu nunca iria conseguir: responsabilidade. Estou a sentir-me mudar, também, para uma outra coisa que ainda não sei se quero muito, mas serão, por certo, apenas meros sintomas secundários e passageiros. Amanhã será possivelmente a minha segunda grande prova de fogo e estarei pronto para lutar com todas as minhas forças, porque desta vez é a sério, há um mestrado para pagar.

Por fim, deixem que vos diga que gosto muito da sande Too Cheese, que leva molho chedar, tomate, queixo chedar e ainda queijo chedar maduro (aquele que parece manteiga e que apetece mesmo mandar à cara do gerente do nosso turno, sabem?), e podemos sempre trocar os ingredientes, porque, no final das contas, a vida só não é perfeita porque nós não queremos. =D