quinta-feira, dezembro 13, 2007

A esperada

Gostava de partilhar convosco uma foto que me trás muito boas recordações. Um dia em grande, porque quando queremos, o mundo pode ser aquilo que queremos que seja.

quarta-feira, novembro 28, 2007

When You Love Someone

terça-feira, novembro 06, 2007

Amélia em mim

Cabelos côr de viúva
Cabelos de chuva, sapatos de tiras e pões
Quantas vezes não queres e não amas
Os homens que dormem...
Os homens que dormem contigo na cama*

Às vezes penso se não seria melhor… Não sei… Se não seria mais simples ser uma simples prostituta. Se ele não olharia finalmente para mim, depois de todos estes dias que juntos já fazem mais que três longos anos. Três longos anos em que o Sol brilha e escurece sem pedir autorização, sem me preparar para tal.

Porque é que em Hollywood as prostitutas acabam sempre com o senhor bem sucedido, felizes, com o brilho nos olhos que eu só tenho raramente? Será que ao saber finalmente que a minha pele existia para ser percorrida por outra e que o era por desconhecidos… Será que mesmo assim este a quem conheço melhor do que a mim, mesmo sem nunca ter conhecido, me continuaria a desconhecer?

Por certo iria ver o seu rosto em todos, sentir o toque das suas mãos nas mãos que nenhum dos dois conhece, mas não é já isso que acontece? Já não é em si que penso sempre que outros lábios se encostam aos meus? Não é por ele que corre um mar de lágrimas no mais interior de mim, por saber que me bastava um décimo do amor que outros me têm, desde que viesse do seu espírito?

Amélia dos olhos doces
Quem dera que fosses apenas mulher
Amélia dos olhos doces
Se ao menos tivesses direito a viver*

Vou enganando a existência, sorrindo para um mundo que me prefere ver a chorar (ou devo dizer ‘porque o mundo me prefere ver a chorar’?), adiando uma morte certa, preferindo acreditar que melhores ventos virão e que esses ventos me levarão para longe do local onde me encontro hoje. Talvez um dia seja forte o suficiente para colocar um ponto no I (poente), dizer o que no meu coração já todos lerão. Ou então acabar com tudo e esperar por uma nova existência, num outro corpo, desejando amar os homens que venham a dormir com ele na cama.

* versão TUIST

quarta-feira, outubro 31, 2007

Lost

A minha vida está estranha. Parece que estou a viver aquela vida que eu sempre disse que não queria viver. E o pior é que não estou a ver o que poderei alterar, ou como o poderei alterar.

Todo este mês passou sem aqui nada escrever, ams o dia de hoje não poderia passar em branco (e vermelho). Sim, é hoje o dia das bruxas, mas para mim ainda continua a ser o dia em que tudo é permitido, um dia que não pertence nem a uma ano nem a outro, um dia de transição. Amanhã um ano novo terá início e com ele pretendo mudar outras coisas que têm estado menos bem comigo. Só ainda não sei se está será mais uma promessa vã como tantas outras.

De qualquer modo, fica aqui o desejo de mudar e uma simples ideia:

"Não sei por onde vou, só sei que não vou por aí"

sexta-feira, setembro 28, 2007

Cross road

Estou a tentar seguir em frente, esquecer o que me aprisionava no passado, mas não está a resultar. E não resulta porque no fundo eu não quero esquecer aquilo que vivi, nem quero alterar o que sinto em relação a certos e determinados assuntos. As pessoas que me rodeiam podem não perceber, mas é essa a verdade (e para piorar a situação estou a sorrir neste momento, ao afirmar isto). 

A vida é como as marés. Há alturas em que se vai enchendo e nem damos por isso, até que um dia nos levantamos da toalha estendida à beira mar para ir molhar os pés e percebemos que temos de andar muito pouco. Outras alturas, ao levantarmo-nos, percebemos que se foi esvaziando e que aquilo que queremos está muito longe de nós. Alguns desistem e voltam a deitar-se; outros sabem que o querem mesmo e andam longas distâncias até lá chegar. Há ainda aquelas alturas em que estamos deitados e a água vem ter com os nossos pés, uma onda bem maior do que as outras, mas também mais efémera, que muda o nosso comportamento de imediato, mas que algum tempo depois não passa de uma lembrança.

As pessoas e os sentimentos que elas nos despertam são como as ondas. Por mais triste que esta constatação me faça sentir não a posso negar. Não queria magoar-me nem magoar ninguém que estivesse perto de mim, mas há coisas que não se conseguem evitar… 

quarta-feira, setembro 19, 2007

Mc PERFECT – I’m loving it

O trabalho custa a todos, teria de custar a mim também, mas pelo menos eu ainda consigo ter aquele sorriso nos lábios que quem me conhece sabe identificar. Nem todas as pessoas que trabalham comigo são ainda capazes de o fazer, com muita pena minha. Sempre que estou perto deles tento cultivar esses sorrisos, mas muitas vezes é impossível. De qualquer forma eu continuo feliz. (se calhar a felicidade é uma questão de teimosia, como eu sou teimosa, teimo que tenho de ser feliz e pronto, não há muito mais a fazer…)

Estou a trabalhar no Mc Doanlds do Via Catarina e, ao meu lado, tenho pessoas muito diferentes de mim, que eu não sei ainda se compreendo, mas que já me conquistaram. Ando nesta coisa dos hambúrgueres há pouco mais de 15 dias (bem feitas as contas, tirando os dias em que estive de folga, estou lá há precisamente 15 dias, mas…); às vezes os gerentes confiam demais em mim e isso deixa-me feliz, por um lado, mas mais preocupada com o meu desempenho, por outro. Às vezes, na hora em que estou a trabalhar sinto-me perdida e burra; às vezes, na hora da refeição, sinto-me deslocada e uma intrusa. No final de tudo, sinto-me bem, porque estou a sobreviver.

Além de ganhar dinheiro (sim, é verdade, no meio de todo o meu idealismo inesperado ainda mantive o meu capitalismo habitual e trabalho pelo dinheiro), estou a ganhar uma outra coisa muito importante que a minha mãe jurava que eu nunca iria conseguir: responsabilidade. Estou a sentir-me mudar, também, para uma outra coisa que ainda não sei se quero muito, mas serão, por certo, apenas meros sintomas secundários e passageiros. Amanhã será possivelmente a minha segunda grande prova de fogo e estarei pronto para lutar com todas as minhas forças, porque desta vez é a sério, há um mestrado para pagar.

Por fim, deixem que vos diga que gosto muito da sande Too Cheese, que leva molho chedar, tomate, queixo chedar e ainda queijo chedar maduro (aquele que parece manteiga e que apetece mesmo mandar à cara do gerente do nosso turno, sabem?), e podemos sempre trocar os ingredientes, porque, no final das contas, a vida só não é perfeita porque nós não queremos. =D

quarta-feira, agosto 22, 2007

Maturidade

Hoje quando vinha para a FEUP lembrei-me de uma coisa: se calhar as ideias exigem um nível de maturidade para serem compreendidas.

Se calhar as ideias são como aqueles itens dos jogos, que dão poderes especiais mas que exigem uma determinada qualidade no nível X. Quem é que nunca passou por isto? Há muitas alturas na minha vida em que me dizem algo, que eu ouço (ouço mesmo, juro), mas que não entra na minha mente e não sabia porquê. Mas agora, parece que tudo começou a ficar mais claro.

Há um tempinho atrás (dois anos, mais coisa, menos coisa), estava eu no gabinete 9 do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação quando ouvi uma voz que me dizia que, já que eu gostava de Genética e Biologia, podia entrar nessa área trabalhando em Multimédia. Nessa altura, ouvi e recusei: 'não é isso que eu quero'. Ontem, olhei para um cartaz e pensei 'E se eu trabalhasse em Multimédia em projectos ligado a Genética e Biologia?'

Nunca fui uma boa medium (apesar de às vezes achar que o sou em demasia, mas isso agora não interessa nada). O Egas disse-me, há um tempinho, estavamos nós nos jardins do Palácio, que tu tem a ver com frequências e percebo agora que eu e aquela voz de há dois anos (mais coisa, menos coisa :P) não estavamos na mesma frequência (se é que algum dia estivemos ou viremos a estar). A minha maturidade não era por aí além, não consegui apanhar a ideia e penso quantas outras ainda me faltam apanhar...

terça-feira, agosto 21, 2007

Marilyn Manson

Antes de mais quero agradecer ao Danilo por existir e ter um Blog e ao Bruno por ter o mesmo Blog e escrever lá.

Agora:

Sabem quando um ser humano deixa de o ser para ser um conceito? Quando as células de um organismo deixam de constituir um Homem e passam a constituir uma obra-prima com vida? Algures na distância entre os animais e os deuses, mas mais perto destes últimos? Ora, o conceito, a obra-prima e o semi-deus vêm a Portugal, tudo junto numa só noite, num só espaço, numa só forma de vida.

Pois é, Marilyn Manson vem a Portugal para mais um concerto. Aposto tudo o que tenho em como vai ser a noite mais mágica da capital, em como as estrelas se vão alinhar de forma perfeita no nosso céu só para ver o astro-rei actuar. E todas as palavras são poucas para descrever como me sinto, neste momento e desde esta tarde.

O conceito

Marilyn Manson. Tudo pode ser dito nessas duas palavras e nunca mais nada fará tanto sentido. E no dia em que o corpo celeste se eclipsar a Humanidade saberá nunca mais vai ser a mesma. A Lua deixará de ser o que nós hoje conhecemos, no manto azul sobre nós, à noite, deixarão de haver estrelas com brilho. Vestiremos a nossa melhor roupa nesse momento, pentearemos os nossos cabelos da melhor forma possível. Ergueremos as nossas cabeças a um céu que não mais o será e sorriremos com a dor que nos golpeará o peito e nunca passará.

No nosso sorriso vamos colocar tudo o que de melhor construímos na vida e iremos dizer adeus da forma mais sentida, escrevendo mensagens de eterna saudade com o nosso sangue nos muros, até não sobrar nem uma gota. Depois de nós, toda a natureza irá também. As águas dos rios, mares e oceanos iram rumar ao vazio e desaparecer. As plantas soltarão as suas raízes e caminharam para o fim comum.

Até lá, o planeta continuará a sorrir, com a glória e o esplendor da eternidade efémera que o mudou para sempre.

segunda-feira, agosto 20, 2007

Harry Potter

Toda a gente gosta de Magia. Porquê? Ora, porque envolve forças que nunca ninguém conseguiu dominar por completo, é um assunto que entra numa área desconhecida para nós, nós seres humanos habituados a dominar tudo à nossa volta. Há quem tema a Magia, quem a venere. Eu respeito-a. Outros existirão que pensam que ela pode resolver todos os nossos problemas.

A verdade é uma: este mundo onde vivemos não é o mesmo do Harry Potter. E acreditem que me custa muito admitir que se for à Câmara Municipal não irei encontrar o Lucius Malfoy. Eu sei que gostaríamos de ter uma varinha daquelas [eu gosto mais das que se vendem no Mundo Místico (passo a publicidade), mas…], agitá-la no ar e dizer duas palavras em latim. E, na realidade, até podemos, o problema é que em vez de golpearmos a pele de quem nos irrita só lhe estaríamos a dar um motivo (muito bom, na minha opinião) para se rir.

A Magia que está ao nosso alcance é um pouco mais demorada e menos espalhafatosa. Não se pode ter tudo e ainda bem. Imaginemos o que seria viver num mundo onde as pessoas pudessem levantar um pau e mover energias como quem, actualmente, aperta os cordões dos sapatos. O resultado imediato que me ocorre é desequilíbrio, mas muitos outros se seguem.

Eu sei. Também gostava de ter ido com alguns professores para uma masmorra, de ter um GIF animado na mesinha de cabeceira ou poder ir berrar e partir coisas para o gabinete do Rui Centeno (aka director de Jornalismo e Ciências da Comunicação). Ter uma tatuagem que se mexe no braço e poder colocar uma marca verde por cima da minha casa para a Marta não se perder. Mas não posso e como tal contento-me com a Magia mais tradicional (sempre é melhor que nada).

segunda-feira, julho 16, 2007

Hoje

(um hoje que é mais ontem, mas que só agora pode ser aqui escrito)

Hoje acordei, depois de uma vida inteira a dormir. Acordei para um novo ano que começou há pouco, que eu queria diferente, mas que me parece igual aos outros. Durante 20 anos desejei o mesmo: desejei encontrar o meu anjo caído. Agora encontrei-o e sei que é ele, só pode ser. Nesses 20 anos que passaram tive tempo para pensar em todos os momentos que passaria ao seu lado, em todas as frases que diria, nas que ouviria, nos movimentos, nos suspiros.

Contudo, ninguém me avisou que o meu anjo caído seria imprevisível e que nunca nada seria como eu sonhara. Os meus sonhos de ser tratada como uma rainha (que outros me tinham feito sonhar) não foram arruinados, mas estão agora tão longe que já nem os sinto. Não passam agora de uma memória e de uma promessa, muito vaga, para um futuro distante.

O caminho parece ser tão longo e penoso. Só vejo Trevas e só sinto espinhos cravados no meu coração. Quando estou ao seu lado, tudo parece brilhar. No início eu sentia-me única, o meu sonho realizou-se. Mesmo quando as coisas não eram como eu sonhava eram boas. O tempo passou e as coisas foram arrefecendo.

Quando a noite cai sobre a minha alma já não me sinto desejada e penso que apenas me toca como se me estivesse a fazer um favor…

terça-feira, julho 10, 2007

A igreja deturpou o que nós somos

Pergunto-me se é verdade, se realmente foi a igreja que deturpou a imagem do satanismo ou se foi o Satanismo (dito Moderno, que, apesar de pessoalmente não concordar com a designação, vai ser a usada para melhor me expressar) que optou por usar a mensagem deturpada. Recuando no tempo, posso ver que a igreja apareceu ainda os séculos não chegavam às dezenas e desde sempre usou a imagem de um ser malvado para se afirmar. O Satanismo conta com 40 anos.

Ser satanista é acreditar que não existe nenhum acima de nós, ser elitista, ser hedonista, mas dizer tudo isto é bem diferente de dizer ‘Sou Satanista’. Porque se eu disser que sou hedonista por certo existirão pessoas que me iram responder ‘eu também’, enquanto que dizer que sou satanista implica manifestar a vontade de entrar numa guerra, que todos sabem que existe, mas nem todos têm coragem de a fazer sua.

Quando Anton LaVey fundou a CoS, ao escolher o seu nome sabia o que iria começar. Nem irei discutir se o fez bem ou mal, porque seria afastar-me do tema principal e acrescentar redundância àquilo que me considero ser. É um facto e todos aqueles que acreditam no Satanismo e se dizem satanistas sabem do que falo (acho eu...). Está implícito um orgulho na palavra Satanismo que nenhuma outra possui, que torna também o seu uso tão importante.

Não acho que a igreja tenha deturpado o que é o Satanismo Moderno de um modo em particular, mas sim que sermos olhados de lado quando andamos na rua (sem razão nenhuma, eu sei, vocês sabem, mas as restantes pessoas parecem não saber) foi um caminho escolhido por cada um de nós. E sim, a igreja não ajuda.

segunda-feira, julho 02, 2007

Who's your daddy, bitch, who's your daddy?

Está música é simplesmente fenomenal, pelo som e pela letra. Não consigo parar de rir sempre que a ouço...

Oh! Yeah, yeah, yeah, yeah
Yeah, yeah, yeah, yeah

All the vixens stand in line
Waiting for my fright night
Be the new flesh for the sacrifice

Screaming out the mating call
I've become the lord of love

I break your will
I'll break your will for good
I treat you like a brute

Who's your daddy,
Say, who's your daddy?
Who puts you in your place?
Who's your daddy,
Bitch, who's your daddy?
Surrender and obey, who's your daddy?

Oh! Yeah, yeah, yeah, yeah

She's a battle-ax in pinstripes
Get ready for your prime time
Max out the triple-X-drive

Screaming out the mating call
I've become the lord of love

I break your will
I'll break your will for good
I treat you like a brute

Who's your daddy,
Say, who's your daddy?
Who puts you in your place?
Who's your daddy,
Bitch, who's your daddy?
Surrender and obey, who's your daddy?

Get down, get down
Lay down, lay down
Stay down, stay down
For daddy

Get down, get down
Lay down, lay down
Stay down, stay down
Uh! Uh!

Who's your daddy,
Say, who's your daddy?
Who's your daddy,
Girl, who's your daddy?
Who's your daddy,
Bitch, who's your daddy?
Who keeps you in line?

Who's your daddy,
Say, who's your daddy?
Who's your daddy,
Girl, who's your daddy?
Who's your daddy,
Bitch, who's your daddy?
Who keeps you in line?

Who's your daddy,
Say, who's your daddy?
Who puts you in your place?
Who's your daddy,
Bitch, who's your daddy?
Surrender and obey, who's your daddy?

Who's your daddy,
Say, who's your daddy?
Who puts you in your place?
Who's your daddy,
Bitch, who's your daddy?
Surrender and obey, who's your daddy?

quinta-feira, junho 21, 2007

Man by man

You have to understand the way I am, mein herr. A tiger is a tiger, not a lamb, mein herr. You'll never turn the vinegar to jam, mein herr. So I do, what I do. When I'm through, then I'm through. And I'm through, toodle oo. Bye bye mein lieber herr, farewell mein lieber herr. It was a fine affair, but now it's over. And though I used to care, I need the open air. You're better off without me mein herr. Don't dab your eye, mein herr, or wonder why mein herr. I've always said that I was a rover. You mustn't knit your brow. You should have known by now, You'd every cause to doubt me meinherr. The continent of Europe is so wide, mein herr. Not only up and down, but side to side, mein herr. I couldn't ever cross it if I tried, mein herr. But I do what I can, inch by inch, step by step, mile by mile. Man by man. Bye bye mein herr. Bye bye mein lieber herr. Auf wiedersen, mein herr. Es war sehr gut, mein herr, und vor bei. Du kennst mich wohl, mein herr. Ach, lebe wohl, mein herr. Du sollst mich nie mehr sehen mein herr. Bye bye mein lieber herr. Farewell mein lieber herr.It was a fine affair, but now it'sover. And though I used to care, I need the open air. You're better off without me. You'll get on without me, mein herr.

terça-feira, junho 19, 2007

O som do adeus

Já consigo ouvir o som das lágrimas a cairem na almofada. Já consigo antever o que vai acontecer dentro de pouco tempo. Pois é, o meu estágio na grande faculdade de engenharia da universidade do Porto está prestes a acabar. Não sei a data exacta do adeus, mas começo já a sentir a nostalgia que se sente nas vésperas da partida.

Pode ser que nunca mais cá volte a pôr os pés ou que esta realidade se afaste cada vez mais da minha até se tornar apenas numa lembrança. Mas será uma lembrança boa. Hoje dei comigo a pensar 'Ora bem... Se eu voltasse atrás o que é que mudaria neste estágio?' e a resposta é bem simples: NADA! Não posso desejar mudar nada porque foi tudo fastástico.

E nunca Vu ter vontade de mudar nada. Não vou ficar cá, mas se voltasse atrás e me dissessem que se escolhesse outro poderia, pelo menos, fazer estágio profissional, eu voltaria a entrar no LIM por apenas três meses. No LIM encontrei muito mais do que um estágio, encontrei pessoas e isso vale mais do que tudo.

quarta-feira, junho 06, 2007

Violência

Ontem tive a oportunidade tardia de ler algo que me deixou a pensar. Será que são os músicos europeus que são contra a violência ou será que é o público e a sociedade em que se inserem que não permitem essa violência? Eu pessoalmente não percebo muito de música (nem quero, chega-me gostar), mas sendo os músicos pessoas pergunto-me desde sempre (em sempre relativo… vá lá) se as pessoas não serão todas, no fundo, violentas. Ou, se calhar, procuram ver violência em outros para terem a certeza que estão bem; pelo menos assim haverá além sempre pior. E se as pessoas querem ver violência é normal que o ‘comerciante’ trate de a conseguir. (Bem vistas as coisas, os norte-americanos, coitados, não têm a TVI para se entupirem com sensacionalismo irracional). Não sei. Também não percebo muito sobre o ser social conhecido como Homo sapiens sapiens.

Hoje, no caminho para a FEUP, tive de atravessar o Hospital S. João. Vi pessoas nas Urgências; pessoas tristes. Pessoas que estariam a ruir no seu interior e ninguém podia imaginar com precisão. As obras para as novas instalações deste serviço estavam a decorrer com normalidade (julgo eu; a construção civil não é o meu forte) e, quem sabe se no final do estágio, ao passar no mesmo lugar, não vou ter oportunidade de ver muitas mais almas desfeitas pelas paredes de vidro que estão já levantadas. Na FCNAUP, os professores começavam a chegar. As meninas da ESE falavam do outro lado do passeio sobre a festa desta noite sabe-se lá onde e sorriam. No laboratório onde trabalho, o ser vivo Homo pré-sapiens (mais conhecido como engenheiro) estava a trabalhar numa folha de Excel. A menina de LLM estava a ouvir música e a conversar no MSN. O Joka estava a pesquisar no Google. O Danilo a imprimir os meus trabalhos… Há muitas coisas que acontecem todos os dias, bem pertinho de nós, e muitas vezes nem as vemos, nem damos por elas, nem reparamos que os objectos e os seres foram mudados de sítio pelo tempo sem a nossa autorização. ;)

terça-feira, junho 05, 2007

Eat me, Drink me... Wait me...

Hoje o dia não está a correr muito bem. Não sei se sabem, mas é hoje o grande dia, o dia em que o último cd de Marilyn Manson chega às lojas nacionais. Eu acordei cedo, preparei-me à pressa para apanhar o autocarro a horas. Cheguei ao Norteshopping antes das 10h e estive a fazer horas até ele abrir, o que eu acho bastante deprimente e me leva a concluir que o meu agente funerário é que tem razão quando diz que o meu vício é o consumo.

E... a fnac hoje só abria as 12h porque estavam a fazer o inventário. Minha gente, entrassem mais cedo e inventassem tudo antes das 10h. Vou à Worten e... 'Desculpe, mas se só saiu hoje em Portugal nós ainda não o temos.' Mas porquê? Matosinhos agora não é Portugal? Temos uma república cá dentro e ninguém me diz nada?

Vim para a FEUP, triste como a noite, sem cd, a ter de aturar umas (e perdoem-me o termo, mas tenho de expressar a minha ira) vacas que mais pareciam galinhas a cacarejar e a ter de levar com os seres masculinos da nossa espécie com os seus comportamentos habituais. À saída do autocarro, no hospital S. João, encontrei um segurança da empresa Metro do Porto que me queria levar até à Trindade ('mas porque é que não vens? eu pago-te a viagem') mas que eu não conhecia de lado nenhum. As fotografias também só estão prontas logo à tarde...

Quando cheguei ao meu local de trabalho, a Anabela disse que ia às compras e que me comprava o cd, sem problemas, mas acabou de me dizer que foi à loja e que só o têm na 5ª feira, porque houve um problema com as entregas. E ainda por cima, o cd é exclusividade FNAC.

Será algo contra mim, contra o Marilyn Manson, ou contra os dois de uma forma muito particular?

sexta-feira, junho 01, 2007

Amanhã talvez

Amanhã talvez nem esteja aqui, sentada nesta cadeira, em frente a este portátil, a preocupar-me com esta base de dados (ou outra qualquer, não importa). Amanhã pode ser que eu perceba mais de PHP do que hoje. 'Melhor assim. Bom para você, melhor para mim'... E amanhã talvez nunca chegue, porque se não for nós a imaginamos neste momento pode ser que nem a chegue a reconhecer...

Gosto muito da letra...

quinta-feira, maio 31, 2007

Born to be Free

O Espelho mudou. Mudou de um minuto para o outro e é hoje um sítio completamente diferente. Eu queria muito que este post fosse como que um marco, que fizesse a ponte entre o que está para trás e o que virá na frente. Há uns tempos ri-me do meu padrinho por me dizer algo com o mesmo sentido lógico e faço hoje o mesmo, aprendendo que há alturas em que é preciso ser-se redondante porque a nossa vida também o é. Contudo, queria que este post fosse um resumo de tudo o que ficou para trás e uma justificação para toda esta mudança...

Como o arquivo poderá confirmar, este Blog nasceu para dar resposta a uma tarefa que recebi no segundo ano (entre a bíblia e o gato preto) para a cadeira de On-line. Podia-me ter deixado disto, como quase todos os outros, mas não o fiz e hoje, passados 3 anos, ainda cá estou. Este foi o primeiro Blog. Depois dele outros entraram no meu caminho, com outros objectivos, outros fins e outros públicos. Este sempre serviu para expressar a minha veia jornalística, para escrever sobre muitos temas e tema nenhum. Este sempre foi o porto de abrigo nas tempestades da vida.

O layout anterior foi escolhido a pensar na paz que todos nós desejamos e, ao mesmo tempo, procurando uma seriedade a que o meu curso me exigia. Porque a vida é só uma, ams as personagens que desempenhamos, essas são variadas e, muitas vezes, contraditórias. A Phillypa aluna exigia uma postura mais comedida, pelo menos visualmente, já que nas palavras esse comedimento me escapou por diversas vezes. Mas a Phillypa aluna (de licenciatura) já está a ficar para trás e a Phillypa mulher tem de continuar o seu caminho...

Apostei num layout feito por mim, que fala por mi sem precisar de palavras. Muitos vão estranhar. Alguns não vão gostar nunca. Tenho, no entanto, uma certeza: a Phillypa gosta. Espero que vos chegue. O arquivo vai continuar sempre a lembrar-me que os sentimentos mudam, que as pessoas entram e saem das nossas vidas, que um dia, num curso (que se queria) independente, matriculou-se alguém que acreditava na loucura, que vestiu e sentiu o negro, que não gostava de um técnico de multimédia…

O conteúdo deste Espelho continuará o mesmo, apenas lhe mudei a embalagem.

sexta-feira, maio 25, 2007

Heart Shaped Glasses

Adoro a letra, adoro o video, adoro o ambiente que juntos criam e, de repente, percebi que adoro a vida.

Se eu um dia, agora ou mais tarde, acabar por ser batizada, quero que seja este o meu padre...

segunda-feira, maio 14, 2007

E é por ti...

"Sabes, Cidade, que esta semana o teu sangue é negro porque te corre nas artérias a rapaziada de capa e batina. Sabes, Cidade, que nesta semana é por ti que se alinham nas margens das ruas as mães e os padrinhos, os irmãos mais novos e as lágrimas dos avós. Sabes que é por ti que se lançam no ar os ramos de flores, que se enfeitam os carros, que se afinam as guitarras portuguesas e os cavaquinhos. Sabes que é por ti que cantamos. Sabes que é em teu nome que brindamos.

Sabes, Cidade, que é para ti que nesta semana se agitam fileiras de malta em alvoroço, que é por ti que se levantam no ar estandartes de todas as cores, que é por ti que eles se abraçam, se comovem, que neles se entranham palavras de ternura e saudade.

Sabes que no fim da noite, Cidade, no silêncio de cada quarto, no abandonar da sebenta, no despir das capas e batinas, é de ti que eles se lembram... Lembra-te deles também, Cidade nossa!"

Magnum Consilium Veteranorum

sexta-feira, maio 04, 2007

Opá... Como é que se diz? Ah... Obrigada

Obridaga por tudo e por nada. Pelos momentos melhores e piores destes quatro anos. Pela companhia e pela solidão. Pelas gargalhadas e pelas lágrimas. Pelas vezes em que pensamos em desistir e pelas outras tantas em que resolvemos ficar. Pela existência sem existir...

P.S: Angel, já aprendias a colocar imagens no blogger... :P

quinta-feira, abril 26, 2007

I love you so much you must kill me now...

A letra de uma música que não precisa ser assinada para se perceber o autor...

6 AM, Christmas morning No shadows No reflections here Lie cheek to cheek in your cold embrace.

It started so tragic as a slaughterhouse She pressed the knife against your heart And say that 'I love you' so much you must kill me now. I love you so much you must kill me now...

If I was your vampire Slim as the moon Instead of killing time We'll have each other till the sun.

If I was your vampire Death waits for no one. Put my hands across your face Because I think our time has come.

Digging your smile apart with my spade tongue And the hole is where the heart is We built this tomb together I will fill it alone.

Beyond the pale Everything's black no turning back

If I was your vampire Slim as the moon Instead of killing time We'll have each other till the sun.

If I was your vampire Death waits for no one. Put my hands across your face Because I think our time has come.

Blood stained sheets in the shape of your heart This is where it starts This is where it will end Here comes the moon again.

Six nineteen and I know I'm ready. Drive me off the mountain You'll Burn and I'll eat your ashes. Impossible we're seducing our corpse.

If I was your vampire Slim as the moon Instead of killing time We'll have each other till the sun.

If I was your vampire Death waits for no one. Put my hands across your face Because I think our time has come.

This is where it starts This is where it will end Here comes the moon again.

quarta-feira, abril 18, 2007

Missão (por vezes impossível)

"Era manhã quando DEUS parou diante de suas doze crianças e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma por uma, elas dirigiram-se a Ele para receber seu dom e conhecer sua missão ".

" De você, Capricórnio, peço o suor de seu rosto, para que possa ensinar aos homens a trabalhar. Sua tarefa não é fácil, pois você sentirá o trabalho de todos os homens sobre seus ombros. Mas para que possa vencer seus desafios, dou-lhe o dom da responsabilidade".

E Capricórnio voltou a seu lugar.

Então, DEUS disse: "Cada um de vocês é perfeito, mas vocês não saberão disso antes de cumprir sua missão". E as crianças saíram, cada uma determinada a fazer seu trabalho o melhor possível, para que pudessem receber seu dom.

Mas DEUS sorriu quando disse: "Vocês voltarão a Mim muitas vezes pedindo para serem dispensadas de sua missão, e cada vez Eu concederei a vocês seus desejos. Vocês irão por incontáveis encarnações antes de completarem a missão original que lhes determinei. Eu lhes dou um tempo incontável para fazê-la, mas somente quando ela estiver feita, vocês poderão estar Comigo".

quarta-feira, abril 11, 2007

Me @ LIM - DEMEGI - FEUP

P.S.: Até parece que ultimamente tenho preguiça de escrever... :P

terça-feira, abril 10, 2007

All i ask of You

segunda-feira, abril 02, 2007

Sabem que mais? No meio disto tudo, quem tem razão é o prof. Sérgio...

Ao luar, o Porto dança...

E as almas choram... Passaram já alguns dias, e como tal, algumas noites. O tempo vai passar sempre, sem se preocupar com os seres, mas a Mágoa vai acabar por ficar. A sua intensidade vai-se alterando, mas fica sempre. E fica porque tem de ficar para aprendermos com a vida.

Chorei. Não vou omitir este facto, nem minimizá-lo. "Têm de fazer um esforço. Têm mesmo de estar aqui." Não me apetece. Cada vez menos me apetece... E choro porque acho que já fiz o maior esforço que podia fazer e não deu frutos. Eu cheguei ao meu limite; coloquei algo à frente do meu estágio, do meu curso, e isso nunca mais se vai repetir.

Porque primeiro está aquilo que me completa e nunca (ou quase nunca) me leva a questionar-me. E só depois as "brincadeirinhas e teatrinhos" extra, que nos tornam em pavões. As brincadeirinhas e teatrinhos levam-nos para dentro de um baile veneziano, onde colocamos as nossas máscaras e aí nos deixamos ficar, até ao nacer de uma nova era. O meu pensamento diz-me que chegou o momento de tirar a máscara e voltar ao mundo real.

Desculpem-me, mas não consigo. E sei que alguém me há-de compreender...

sexta-feira, março 30, 2007

Nothing else

Posso ficar velha e morrer sozinha, numa casa enorme, com a melhor das vistas. Posso morrer junto com as ondas do mar, que padecem na areia, mas guardarei para toda a eternidade o seu olhar e as suas palavras, junto ao barulho do mar e do seu vazio, em mim, no meu ser, na minha alma, no que é mais imortal nos seres. E chorarei, mesmo sem ter corpo ou existência física. Continuarei com esse legado para todo o sempre e, recordando o som de umas ondas que morreram comigo, lembrar-me-ei dos bons tempos da vida, de quando ainda tinha amor, dessas palavras e desses dois olhos.

Posso lembrar-me também dos corpos onde perdera o meu tentando encontrar-me e chorar. Chorar por pensar que nada tinha valido a pena. Ou chorar de saudades de todos e de cada um, por perceber finalmente, face à impossibilidade de voltar a sentir o mesmo, que tudo valeu a pena e que tinha sido mágico cada momento passado. Que todos os outros corpos tinham algo do meu e que o completavam e, se voltasse atrás, a vida só faria sentido se voltasse a sentir na minha pele todas as outras. Mas nesse momento, eu não sabia nada, não tinha certezas, não tinha dúvidas. Tinha apenas dois olhos que brilhavam e um sorriso que me dizia ‘Tu és capaz’ e não pedia mais.

terça-feira, março 27, 2007

Alguém me disse...

Alguém me disse que tu andas novamente de novo amor, nova paixão todo contente. Conheço bem suas promessas Outras ouvi iguais a essas. Esse teu jeito de enganar conheço bem.

Pouco me importa que te vejam tantas vezes e que tu mudes de paixão todos os meses se vais beijar como eu bem sei, fazer chorar como eu chorei, mas sem ter nunca Amor igual, ao que eu te dei.

terça-feira, março 13, 2007

Eu ainda sou do tempo...

...em que havia autocarros de dois andares, a que nós carinhosamente chamávamos troll's, e que estavam ligados por uma espécie de cabos e não podiam desviar-se muito da sua rota. O meu pai dizia que eram melhores que os eléctricos (não estou aqui a falar de alunos do primeiro ano de Jornalismo e Ciências da Comunicação). Eu sempre gostei mais dos eléctricos, pelo menos neles eu não enjoava tanto nas viagens, mas nessa altura eu achava que ir até à Areosa era ir muito longe. (Note-se, eu morava no Bairro São João de Deus).

...em que as senhas dos autocarros eram cor-de-rosa e para serem marcadas eram picadas, literalmente. Metíamos a dita senha numa máquina que lhe arrancava um pedaço de um dos lados, e caso fosse de duas viagens, do outro lado na volta. Era giro, principalmente quando a dita máquina não estava a funcionar.

...em que havia notas azuis de 100 escudos e com as quais se podia comprar muita coisa.

...em que esta música se ouvia muitas vezes e eu continuo a gostar da mensagem... (O Fernando Pessoa escreve muito bem.... Piada má)

quarta-feira, março 07, 2007

Morreste-me

Seems like it was yesterday when I saw your face You told me how proud you were, but I walked away If only I knew what I know today Ooh, ooh I would hold you in my arms I would take the pain away Thank you for all you've done Forgive all your mistakes There's nothing I wouldn't do To hear your voice again Sometimes I wanna call you But I know you won't be there Ohh I'm sorry for blaming you For everything I just couldn't do And I've hurt myself by hurting you Some days I feel broke inside but I won't admit Sometimes I just wanna hide 'cause it's you I miss And it's so hard to say goodbye When it comes to this, oooh Would you tell me I was wrong? [ Lyrics found on http://www.metrolyrics.com ] Would you help me understand? Are you looking down upon me? Are you proud of who I am? There's nothing I wouldn't do To have just one more chance To look into your eyes And see you looking back Ohh I'm sorry for blaming you For everything I just couldn't do And I've hurt myself, ohh If I had just one more day I would tell you how much that I've missed you Since you have been away Ooh, it's dangerous It's so out of line To try and turn back time I'm sorry for blaming you For everything I just couldn't do And I've hurt myself by hurting you

terça-feira, março 06, 2007

DEMEGI II – A Vingança

Este é o início da minha terceira semana aqui. ‘Aqui?’, perguntam vocês. Sim. Aqui no Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, mais precisamente no Laboratório de Instrumentação para Medição. Estou a estagiar. Sim. Eu fui capaz de decidir onde queria estagiar, e aqui estou eu. Agora estou é indecisa. Não sei se devo continuar o post a falar do Estágio ou não…

Estou a adorar estar aqui. Ainda não passou tempo nenhum, ainda não estou a fazer nada de muito importante, ainda mal conheço os cantos ao edifício, mas estou a adorar. E estou a adorar porque acho que é uma experiência que me está a tornar numa pessoa mais madura (e agora quem conhece o ambiente aqui está a pensar ‘Madura? Só se amadureceu devido ao calor…’)

Quando eu entrei aqui a primeira vez era muito diferente. Não foi só a experiência aqui que me fez mudar, nem me atreveria a afirmar tal coisa, mas a experiência aqui tem-me ajudado a lidar melhor com o que se passa lá fora e é um motivo muito bom para continuar a lutar por tudo aquilo que sempre quis e ainda não tenho.

E outra experiência que me mudou este fim-de-semana foi a ida à lavagem automática de uma bomba de gasolina. Prioridades neste momento: tirar a carta e arranjar namorado.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

123%

Sentei-me. Liguei o computador. Fiquei a olhar o fundo do ambiente de trabalho. Alguém me disse ‘Trabalha!’ e abri qualquer ficheiro. Fiquei horas a olhar para uma página em branco e vi a minha vida. Vi um caderno de folhas imaculadas à espera que alguém pegasse nele e o escrevesse, de uma ponta à outra, com canetas de vários tons de azul e traços de largura dispares.

O caderno não pode ser escrito por uma só pessoa. A vida é um livro cujos diferentes capítulos são escritos por pessoas diferentes, que acrescentam algo novo, que reforçam ideias, que completam raciocínios, que tentam apagar os parágrafos mal escritos, corrigir os erros de alguma forma… E nós o que fazemos? Nós escrevemos nos cadernos de outras pessoas, porque só assim faz sentido continuar aqui. Se não tivéssemos outros cadernos para escrever ninguém escreveria no nosso e era como se não tivéssemos existência, uma vez que ninguém tinha conhecimento dela.

No fundo somos todos escritores. Viemos ao mundo para realizar feitos literários, para escrever poemas nos intervalos da chuva, para descrever sorrisos iluminados pelo luar, para acrescentar virgulas e pontos finais em obras tidas como acabadas. Nem todos recebemos prémios no final, mas se a vida fosse justa não seria vida seria ilusão.

Os que recebem prémios são os que nos fazem reagir mais ao que escrevem. Os que nos arrancam lágrimas quando descrevem uma paisagem ou vómitos quando falar na existência. Os outros passam, escrevem, seguem o seu caminho, são felizes ou tristes, têm o nosso respeito mas ninguém quer saber deles…

Memórias de uma noite de natal

Ontem não nevou. Tal como todos esperávamos. Nunca neva no Porto; acho que já me habituei a essa ideia. Só neva nos filmes, naquelas histórias de amor que nunca acontecem a ninguém em que ele e ela ficam juntos depois de lutarem com o mundo e ganharem. Ontem foi uma noite como todas as outras. Esteve frio. Não choveu. (não tem chovido muito este Inverno) Estive em casa. Vi um filme e meio. (Há sempre filmes que nunca vejo desde o inicio, mas que percebo lindamente e que me deixam a pensar no porquê de se fazer uma longa metragem, se todas as histórias se resumem a 15 minutos).

O dia de ontem teve uma tarde. Uma tarde fria em que fiz o que fazia quando era criança. Fui à Areosa com a minha mãe, comprar as últimas prendas. Fomos ao Covas comprar Bolo-rei. O meu pai foi à Fátima. (Eu já desisti de lá ir) Depois fomos todos ao Carvalho. Eu adoro o Carvalho. Estava lá o filho dele e depois chegaram as netas. Uma delas tem o meu nome. Quando a Filipa nasceu, a minha mãe ainda tinha o Citroen e fomos com a Liliana vê-la. Na volta, a minha mãe teve um acidente. O motor do carro começou a deitar fumo. A mim doía-me o pescoço e o polegar direito. Foi o Adriano que arranjou o carro. Nunca mais foi o mesmo. E já lá vão 10 anos.

Quando saímos de casa da Rosa, olhei para o que em tempos foi a minha casa. Para o lugar onde deviam estar as paredes que, durante 15 anos, me viram rir com os outros putos, cair da bicicleta, ouvir o senhor de pijama castanho que nunca soube o nome, ouvir a minha mãe a mandar-me comprar óleo, ir para o vão das escadas com o meu primeiro namorado, imaginar a minha mãe à espera do óleo em casa… Não estavam lá. No seu lugar a escuridão da noite e umas quantas estrelas brilhantes.

Virei costas. Estava mesmo muito frio. Disse aos meus pais ‘Vou a correr’. Comecei a andar mais rápido e a tentar não calcar os riscos dos desenhos do chão. Depois comecei a não calcar os quadrados que tinham os blocos de pedra que ladeavam as portas. Até que a minha vontade foi saltar para um bloco de pedra e ir avançando, saltando de um para o outro. Todas as vezes que descia o bairro era isso que fazia, dos 3 aos 15 anos. Desde que nasci até sair de lá. Do lado esquerdo estava a minha escola. Os muros que do lado de dentro dizem ‘Andreia’ em letras cor-de-rosa e asas de anjo azuis. O vaso onde a professora Cármen enfiou a cabeça, depois de eu lhe ter feito uma rasteira e ela cair…

Ontem também existiu uma noite. Uma noite sem batatas, bacalhau, polvo. Com costeletas e fiambre panados. Com um piercing, um DVD de HIM, um casaco, uma jarra, chocolates, 110 euros que já têm destino. Depois uma cama. A história da boneca de papelão que a minha mãe tinha. As palavras ‘um dia, chateei-me com o Fernando e meti a boneca no tanque da roupa’. Uma boneca a desfazer-se. A minha mãe, uma criança ainda, a chorar. No quarto ao lado, a minha mãe ria-se. Eu estava quase a chorar.

Fechei os olhos. Tentei inventar uma história Disney para mim, para acreditar e sonhar até à manhã seguinte. Nada. Só a vontade de chorar pela boneca, o pensamento que a minha está a entrar em depressão, a minha família a ruir e eu afastada. Eu sem fazer nada por eles. Eu a responder torto a todos. Eu a ser egoísta e a sacrificar todos os que gostam de mim de verdade.

Sem príncipe para me imaginar ao seu lado. Sozinha. Na escuridão mais negra que a do quarto. Na escuridão de uma alma vazia.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

A minha casa é tipo Roma (…) mas sem o coliseu

E sem os gladiadores, e sem aquelas pessoas com hábitos tão particulares, e sem o atirar pessoas aos leões, porque também não há leões. Mas a minha casa até parece Roma. E eu pareço um daqueles cidadãos que viviam feliz da vida porque tudo lhes corria menos-mal e achavam que tinham tudo. Até que um dia chega à cidade um forasteiro, que trás histórias de povoações longínquas e que tem algo a envolvê-lo, algo que vai além das suas vestes, que pertence ao espírito.

E esse forasteiro vai ficando, e acaba por comprar uma terra onde monta a sua casa, mesmo ao lado do cidadão outrora realizado, e entra no seu ciclo de amigos. O cidadão percebe que lhe falta muita coisa, que a sua vida está cheia de problemas, que é a sua pessoa social é diferente de si, mas continua a sorrir. E sorri cada vez mais. O seu novo vizinho é convidado todos os dias a ir a sua casa, ou encontram-se nas ruas, para conversarem. Podem falar de acontecimentos banais, podem discutir sobre determinado assunto, podem apenas dar sinais de vida. O cidadão sabe, bem lá no fundo, que esse é o momento do dia em que se sente mais completo, mas inteiro, mas ele próprio.

O efeito é quase como uma anestesia geral (deve ser, não sei, nunca levei nenhuma), ficasse imune à dor, ao frio, à chuva, ao mundo. E sorrisse sem se pensar se deveríamos estar a fazer outra coisa qualquer que posso vir a ser importante para o nosso futuro, porque o futuro não existe.

Há quem lhe chame paz interior.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Hoje o Luar tem um brilho invulgar

Amo-te. Deus me perdoe, mas amo. Quero ser o que tu és. Ver o que tu vês. Amar o que tu amas. És o meu amor e a minha vida sempre. Dou-te vida eterna. Amor eterno. O poder da tempestade e os animais da terra. Bebe e faz-me companhia. Serás condenada a caminhar na sombra da morte para todo o sempre. Mas o amor é mais forte do que a Morte.

Gostei de tudo. E sabem aquela treta de pedir um desejo por vela? Resulta. Os meus vierem com efeito instantâneo e nem foi preciso juntar água e mexer… Só é pena noites assim não durarem para sempre e as pessoas terem motivações diferentes.