quarta-feira, novembro 28, 2007

When You Love Someone

terça-feira, novembro 06, 2007

Amélia em mim

Cabelos côr de viúva
Cabelos de chuva, sapatos de tiras e pões
Quantas vezes não queres e não amas
Os homens que dormem...
Os homens que dormem contigo na cama*

Às vezes penso se não seria melhor… Não sei… Se não seria mais simples ser uma simples prostituta. Se ele não olharia finalmente para mim, depois de todos estes dias que juntos já fazem mais que três longos anos. Três longos anos em que o Sol brilha e escurece sem pedir autorização, sem me preparar para tal.

Porque é que em Hollywood as prostitutas acabam sempre com o senhor bem sucedido, felizes, com o brilho nos olhos que eu só tenho raramente? Será que ao saber finalmente que a minha pele existia para ser percorrida por outra e que o era por desconhecidos… Será que mesmo assim este a quem conheço melhor do que a mim, mesmo sem nunca ter conhecido, me continuaria a desconhecer?

Por certo iria ver o seu rosto em todos, sentir o toque das suas mãos nas mãos que nenhum dos dois conhece, mas não é já isso que acontece? Já não é em si que penso sempre que outros lábios se encostam aos meus? Não é por ele que corre um mar de lágrimas no mais interior de mim, por saber que me bastava um décimo do amor que outros me têm, desde que viesse do seu espírito?

Amélia dos olhos doces
Quem dera que fosses apenas mulher
Amélia dos olhos doces
Se ao menos tivesses direito a viver*

Vou enganando a existência, sorrindo para um mundo que me prefere ver a chorar (ou devo dizer ‘porque o mundo me prefere ver a chorar’?), adiando uma morte certa, preferindo acreditar que melhores ventos virão e que esses ventos me levarão para longe do local onde me encontro hoje. Talvez um dia seja forte o suficiente para colocar um ponto no I (poente), dizer o que no meu coração já todos lerão. Ou então acabar com tudo e esperar por uma nova existência, num outro corpo, desejando amar os homens que venham a dormir com ele na cama.

* versão TUIST