quarta-feira, dezembro 22, 2004

Homeless

Um dia acordei e tudo na minha vida tinha mudado...

O meu primeiro namorado tinha casado e já ia no segundo filho. O meu primeiro amor também estava casado. O meu primeiro esconderijo estava atulado de seringas e de toxicodependentes. A minha primeira casa tinha sido invadida por uma casal de desalojados, depois de lhe terem deitado as paredes a baixo e de lá dentro terem feito fogueiras. A minha primeira escola tinha sido demolida.

As coisas estavam todas diferentes. Acordei num universo que não era o meu, sem os meus amigos. Estava numa nova escola, numa nova casa, com um novo "amor" e um (outro) novo namorado. Já não tinha nenhum esconderijo e não percebia onde estavam as minhas raizes.

Um dia acordei (e por mais estranho que isto possa parecer) senti a falta do barulho de pessoas a descutir e de tiros. Senti a falta de ouvir falar mal dos meus amigos.

Um dia percebi que já não morava no Bairro S. João Deus, o meu Tarrafal, e senti-me perdida...

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Be Woman

Andava eu certo dia a ver os meus mails's (como faço todos os dias) e que vejo eu? Um mail que continha esta história. Pensei logo, "Filipa, esta história é mesmo boa para o meu Espelho!"

“Deus fez a mulher no seu sexto dia de trabalho, e em horas extra-ordinárias! Um anjo apareceu e disse:

_Senhor, porque estás a gastar tanto tempo com este projecto?

E deus respondeu:

_Vê bem as suas características. Ela tem de ser totalmente lavável, mas não pode ser de plástico, tem de ter mais de 200 partes móveis, todas intercambiáveis, funcionar com coca-cola diet e restos do almoço, ter um colo que pode acolher quatro crianças de uma vez, ter um beijo que pode curar qualquer coisa desde um joelho arranhado até um coração partido.

_Isso é de mais para um só dia de trabalho. Termina amanhã.

_Não posso, estou quase a terminar a criação que está mais perto do meu coração. Ela até se cura a si mesma quando está doente e é capaz de trabalhar 18 horas por dia. O anjo aproximou-se e tocou a Mulher.

_Estás a fazê-la tão frágil, senhor.

_Ela é frágil, mas também a fiz resistente. Não fazes ideia do que ela é capaz de suportar ou conquistar”.

_Ela é capaz de pensar?

_Não só de pensar como de argumentar e negociar.

O anjo viu alguma coisa e, estendendo a mão, tocou na face da Mulher.

_Este modelo tem uma fuga. Eu bem disse que estás a tentar atribuir mcaracteristicas de mais numa criatura.

_Isso não é uma fuga. É uma lágrima que é a sua maneira de expressar a sua alegria, tristeza, dor, desapontamento, amor, solidão, luto e orgulho.

_Esta criatura é, de facto, impressionante.

_Sim. As mulheres têm forças que impressionam os homens; suportam dificuldades e carregam fardos, mas mantêm a alegria, o amor e o contentamento. As mulheres sorriem quando querem gritar, cantam quando querem chorar, choram quando estão felizes e riem quando estão nervosas…

Lutam por aquilo em que acreditam e erguem-se contra as injustiças. Não aceitam ‘não’ como resposta quando acreditam que há uma solução melhor. As mulheres privam-se para que a sua família possa ter, acompanham uma amiga assustada ao médico, amam incondicionalmente, choram quando os filhos se destacam e rejubilam quando os amigos são premiados.

Os seus corações partem-se quando uma amigo morre, ficando de luto mas nunca deixando de ser fortes. Quando se pensa que não têm mais forças, ainda surgem com um abraço e um beijo que pode ajudar a curar um coração partido. As mulheres trazem alegria e esperança; têm compaixão e ideais; dão apoio moral aos amigos e familiares; têm coisas vitais a dizer e tudo a dar!

Se há um defeito nas mulheres é que podem esquecer-se de si mesmas…”

Daqui a uns dias continuo com este tema...

terça-feira, dezembro 14, 2004

Músicas de uma vida

Todos ouvem música e todos temos uma (ou mais) músicas da nossa vida. Gosto de Marilyn Manson, quem não o sabe já? Aqui fica a música da minha vida, é dele, claro...

Example

"Man that you fear

The ants are in the sugar
The muscles atrophied
We're on the other side, the screen is us and
We're T.V.
Spread me open, sticking to my pointy ribs are
All your infants in abortion cribs
I was born into this
Everything turns to shit
The boy that you loved is the
Man that you fear
Pray until you're number, asleep from all
Your pains, your apple has been rotting
Tomorrow's turned up dead
I have it all and i have no choice but to
I'll make everyone pay and you will see
You can kill yourself now
Because you're deadin my mind
The boy that you loved is the monster you fear
Peel off all those eyes and crawl into the dark,
You've poisoned all of your children
To camouflage your scars
Pray unto the splinters,
Pray unto your fear
Pray your life was just a dream
The cut that never heals
Pray now baby, pray your life was just a dream
(I am so tangled in my sins that I cannot escape)
Pinch the head off, collapse me like a weed
Someone had to go this far
I was born into this
Everything turns to shit
The boy that you loved is the
Man that you fear
Peel off all those eyes and crawl into the dark,
You've poisoned all of your children
To camouflage your scars
Pray unto the splinters,
Pray unto your fear
Pray your life was just a dream
The cut that never heals
Pray now baby, pray your life was just a dream
The world in my hands,
There's no one left to hear you scream
There's no one left for you

When all of your wishes are granted
Many of your dreams will be destroyed!"

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Just Her

Nasceu mais um Weblog nacional. Depois de muito esforço e muitas horas perdidas a tentar convencê-la de que também uma enfermeira necessita de um espaço para exprtessar os seus sentimentos. Assim, no passado sábado, fui a casa dela e participei do seu nascimento.

Tudo isto para dizer que devem ir à morada http://justmelibel.blogspot.com/ porque pertence a uma grande amiga minha e porque é um concelho meu...

Estão ainda aqui a fazer o quê?

Fuck it

Há dias em que acordamos e queremos que o mundo inteiro vá pelos ares. Nesse dias queremos que todos aqueles que se cruzam no nosso caminho destruidos sem motivo aparente. Há, definitivamente, dias em que todas as nossas obrigações parecem pesadas demais e que todas as palavras que nos dirigem são armas lançadas para nos esquartejarem o coração...

Hoje bem que podia ser um dia desses. Tenho de fazer uma reportagens num hospital de doenças infeciosas, logo, às 18, hora em que deveria estar a meio de uma aula de televisão. Tenho de montar uns sons para um noticiário de rádio e não os tenho aqui comigo. Tenho de conviver com os outros, quanndo o que me apetece é dar um estalo a quem para mim falar.

Example

Por isso, só me vem à cabeça essa expressão:

Fuck It

quinta-feira, dezembro 02, 2004

I am my own god

(“Agora deu-lhe para a religião”, dizem. “Porque não?”, pergunto eu)

Às vezes perguntam-me o que é que eu sou, em termos religiosos. Já fui tantas coisas que se me pusesse a contar a minha história demoraria uma eternidade. Mas também sinto um bocado a necessidade de dizer aos outros o que me vai na mente.

Sou ateia! Não acredito em nenhum deus seja ele bom ou mau. Já fui católica, já andei numa escola Dominicana, já fui adoradora do diabo (se considerarem isto como uma manifestação religiosa), já fui pagã, já fui agnóstica… Actualmente, preocupo-me mais com o meu estudo sobre as diferentes formas religiosas do que com a sua prática.

Estou a estudar uma publicação de testemunhas de Jeová, estou a pesquisar na Internet sobre Satanismo. E o que mais me tem chamado a atenção, na minha vivência do dia-a-dia, é que, apesar de a liberdade religiosa ser um directo de todos nós, na prática as coisas não funcionam assim tão bem. Ninguém se preocupa em perceber que cada um pode (e deve) escolher aquilo que é mais verdadeiro para si.

a_quem_considere_isto_deus

A grande preocupação é que a religião defendida tenha o maior número possível de crentes, como se a veracidade das suas práticas e credos fosse directamente proporcional ao número de pessoas que os seguem. Não me parece que isso seja bem assim. O que faz de uma religião menos mentira são as práticas e credos em si.

Contudo, percebo (ou tento perceber, porque também sou humana) que as pessoas sintam a necessidade de acreditar que há algo melhor do que o aqui e agora, mas eu já não sei se sou capaz de acreditar em algo para além das minhas capacidades. Percebo que as religiões que seguem façam sentido para si, para mim já nada dessa natureza faz sentido.

Já fiz rituais mágicos enquanto fui pagã e já fiz um ritual satânico (sexual). E que mal é que isso tem para os outros? Eles também têm as suas missas e outros e eu não ando por aí a dizer que “isso não tem jeito nenhum”. Optei por viver a esta vida ao máximo porque não sei se terei outra oportunidade para o fazer, nenhum Homem pode julgar-me porque isso não é crime.

Sou verdadeira em tudo aquilo que sinto, nunca defenderia algo que não sentisse. Posso magoar aqueles que me amam e até gostariam que eu fosse católica, testemunha de Jeová… E se deus, de facto, existir e for infinitamente bom vai perceber que não posso ir contra aquela que é a minha natureza, aqui e agora…