segunda-feira, junho 20, 2005

A matter of sex and glamour

Depois do documentário da VH1 sobre o Império Playboy, fiquei com uma vontade tremenda de conhecer melhor esse mito (“Mas esta rapariga nunca mais vai ganhar juízo?”). Não há ninguém na superfície do planeta que nunca tenha ouvido falar da Playboy ou que nunca tenha tido contacto com um dos seus produtos. A Playboy assemelha-se, assim, a marcas como a Ferrari e todos nós queremos fazer parte desse mundo.

No outro dia, andava eu a navegar na Internet quando dei por mim num site dedicado a Hugh Hefner. Apercebi-me nessa altura do trunfo da Playboy. O seu fundador sempre foi um homem de gosto requintado e soube passar esse requinte para a sua criação. Enquanto todas as outras revistas se preocupam apenas com sexo, o produto de Hugh Hefner tem o cuidado de “vestir” (ou será que devo dizer despir?) toda a sua pornografia de uma espécie de glamour que cativa mais do que o sexo explícito, em si.

Ao contrário da concorrência, o resultado final fica longe de ser bruto ou grosseiro; em vez de chocar os mais sensíveis, acaba por seduzir pela sua Arte. E é de Arte que se trata, porque sexo é sexo, aqui e na China, e se não houvesse uma Arte por traz de tudo o que se faz, todos nós nos lembraríamos das capas da Penthouse (que, mesmo assim, acaba por seguir, em certos casos, um pouco a linha artística, digo eu…) com a mesma facilidade, o que não acontece.

Na papelaria onde vou, estas duas revistas encontram-se expostas lado a lado, mas uma ofusca a outra. A partir de hoje, sempre que estiverem numa papelaria reparem no número de pessoas que olha para a Penthouse e comparem com o número de pessoas que olha para a Playboy (ou tentem reparar primeiro na Penthouse, a ver se conseguem…).

Bunny

E a superioridade da Playboy alastrou-se a todos os sectores da sociedade. Hoje podemos encontrar o coelhinho em qualquer lado: os habituais preservativos (mas aqui até se compreende), os pins, que trazemos na camisola, a mala, onde levamos para a faculdade tudo o que precisamos, e as camisolas que damos às nossas crianças (vi eu, numa loja em Santa Catarina e achei o máximo, afinal “é de pequenino que se torce o pepino”). O que vem a ser isto, então?

Nada mais do que uma forma de nos tornarmos também estrelas da Playboy. Já que nem todas podemos ser capas de revista, ao menos podemos andar por aí a fazer publicidade à marca e assim deixamos de ser “aquela que vimos na FNAC” para passarmos a ser “a da Playboy”. Já que nem todos podemos ir para a cama com as tipas da revista, ao menos podemos andar na rua com uma alusão a esse universo.

Consciente ou inconscientemente, todos gostamos de sexo (se estão a dizer que não, ou mentem, ou nunca experimentaram). A Playboy, no final das contas, acaba por ser um símbolo das sociedades modernas, de luxo, de estilo, da ilusão do desfrute, de pessoas que sabem o que querem e se orgulham disso…

segunda-feira, junho 13, 2005

“Deve estar aí alguma coisa mal…”

Pois. Esta é a conclusão a que todos chegamos quando estamos a trabalhar no Access, queremos preencher uma tabela, depois de criarmos o diagrama entidade-relação, e não conseguimos. O que, às 9h da manhã não conseguimos perceber é que as relações entre as tabelas estão mal feitas. Mas também há uma pessoa que não nos diz (pelo menos não antes de nos obrigar a tentar descobrir sozinhos e arrancarmos alguns cabelos), e essa pessoa é o professor Sérgio Nunes.

Mais uma vez, e para não variar, este tipo de comportamento deixava-me profundamente… furiosa, com vontade de bater em alguém. É sempre mais fácil que nos digam onde nos enganamos, em vez de perdemos tempo a tentar descobri-lo sozinhos. Contudo, tenho de agradecer ao professor Sérgio por não me ter dito como resolver todos os meus erros, porque quando o descobri sozinha senti-me a pessoa mais inteligente da sala (durou pouco, mas foi bom enquanto durou), e ainda não me esqueci do que aprendi.

Formado em engenharia, tanto quanto sei, (os engenheiros estão por toda a parte, são a praga do século, não que eu tenha algo contra os engenheiros…), o professor Sérgio dá aulas ao 2ºAno (CDI e AM). E o mais curioso é que, ao longo de uma ano, dado eu não ter faltado a nenhuma aula das suas, nunca o vi zangado ou de mau humor. Muito pelo contrário, sempre que alguém lhe fazia uma pergunta, ele sorria.

Das duas uma, ou fica todo contente por poder mostrar os seus conhecimentos na área da informática, ou tratam-se de sorrisos do tipo “vilão” (aqueles sorrisos que os tipos maus de Hollywood fazem quando têm um plano para dominar o mundo), por saber que para nos tramar basta o querer. Mas, bem vistas as coisas, se eu tivesse de dar aulas à minha turma, também me ria, de manhã à noite, tamanha é a nossa burrice, e porque não estupidez, no que diz respeito a computadores (falo na maioria, claro).

Devo confessar que de todos os professores e professoras que eu tive até hoje (na faculdade), o professor Sérgio é aquele que eu mais invejo. E a minha inveja é tanta que se ele soubesse, me reprovava, sem olhar sequer para o meu trabalho (o que vale é que a nota de CDI já está segura). E porque é que eu o invejo? Porque gostava de saber tanto como ele e, mais importante de tudo, adorava fazer o que ele faz: dar aulas de informática.

Claro que o professor Alexandre também deve saber muito, mas como eu nunca tive aulas práticas com ele… Falta ver (para crer… Eu também percebo, teoricamente, bastante de genética, mas não me meto num laboratório a fazer experiências. O que é uma pena, mas…). E esta minha inveja/admiração pelo professor Sérgio reflecte-se no meu comportamento nas aulas (não no comer na sala, mas no estar sempre de pé, a tentar ajudar tudo e todos).

No fundo, tudo o que eu queria era fazer com que todos percebessem da matéria e que começassem a gostar do que estavam a fazer e, ao mesmo tempo, ser uma mini-professora. Mas tudo o que eu consegui foi deitar por terra a estratégia do “descubra você mesmo” do professor Sérgio e, hoje, se ele não gostar de mim, não o sensuro…

O nosso tempo nunca é perdido

No início do ano, todos me falaram mal das aulas teóricas de Comunicações Digitais e Internet (CDI para os amigos). Não vou revelar nomes, porque se assim fosse ficava sem espaço e tinha de criar outro Blog. Posso apenas dizer que me deixei influenciar e essa foi a maior asneira da minha vida (ou então a maior deste que entrei no ensino superior, a história do costume…)

Como é que eu posso formar a minha opinião sobre uma pessoa com base no que outros me dizem? (Se bem que se for pela minha própria experiência as coisas não correm muito melhor: nunca gosto de ninguém no início. O que vale é que mudo sempre de opinião…) Neste caso refiro-me à minha opinião errada sobre o professor Alexandre Carvalho.

Posso afirmar que no princípio quase nunca ia às aulas teóricas de CDI. Até que, lá para o meio do semestre, comecei a ir mais vezes e a perceber o universo que gira à minha volta. O problema não é as aulas serem más, porque não o são, muito pelo contrário. O problema é a disposição com que as pessoas vão para as aulas.

Num curso onde três quartos dos alunos não vão para multimédia e onde cerca de 85% não teve matemática e/ou física, é difícil ir a uma aula dada por um engenheiro (que se diz por aí, terem um bocado a mania). A maioria das pessoas que esteve nas aulas comigo não fez um único esforço para tentar perceber o que é que estava a ser dado e achou mais fácil dizer que não percebia nada de informática.

As aulas do professor Alexandre, no primeiro semestre, fizeram-me perceber que os três anos que passei no secundário, rodeada de livros de matemática e resolvendo todos os exercícios de Física que me apareciam à frente não foram perda de tempo e a grande asneira não foi ter ido para Cientifico, mas sim para Química, quando sabia que a minha paixão era a Física.

E, além do mais, essas aulas foram o mais próximo que eu tive daquilo que realmente eu sabia fazer, daquilo que eu percebia minimamente. É giro estarmos rodeados de pessoas que pensam que por virem de Humanidades são mais cultas e vê-las desesperar quando têm de fazer algo básico como saber a diferença entre um cabo simples e um coaxial…

Este semestre, as aulas teóricas de Atelier de Multimédia (AM) começaram muito melhor, porque já não havia o “mito do AVC”, já não haviam ideias pré-formadas… Apenas uma vontade tremenda de saber mais sobre aquilo que nos diz alguma coisa no meio de tanta cultura geral…

“Goticismo: uma cultura imortal”

Uma das coisas mais acertadas que eu fiz na vida (pelo menos desde que entrei no ensino superior) foi ter optado por fazer um trabalho para a cadeira de Cultura Portuguesa Contemporânea. E nada melhor do que fazer um trabalho sobre algo que sempre nos fascinou: Cultura Gótica.

Às vezes dou comigo a pensar que só mesmo eu para conseguir encaixar estas coisas nos programas das diferentes disciplinas… Bem, a professora Conceição Meireles (é dela que trata este post) teve um papel decisivo nisto tudo. Quando apresentei a proposta estava com um bocado de receio dela ser rejeitada, ou ainda pior, ser seguida de um comentário que ouço muitas vezes “Que parvoíce! É sempre a mesma; tenha juízo…”

Mas não… A professora Conceição aceitou a minha proposta e acompanhou-me durante todo o tempo. Pela primeira vez apetecia-me ir a todas as aulas teóricas (também raras vezes voltou a acontecer, mas…) e apetecia-me “perder” tempo a falar com os professores que as leccionavam.

Tenho pena da professora Conceição passar a maior parte do seu tempo em Letras e não em JCC. Sempre a considerei uma professora exemplar, que esteve sempre lá para nós, que repetia algumas vezes a matéria para ter a certeza que nós a compreendíamos, que nunca foi rude connosco, mesmo quando a maioria fazia barulho ou quando, ao meio-dia, já só estávamos meia dúzia na sala (de 4 turmas).

Um dos momentos que nunca me esquecerei desta professora é a morte do Sousa Franco. Soubemos da notícia em plena aula e no intervalo fomos todos a correr ver a televisão (não que isso me interessa-se muito ou que isso tenha alguma coisa a ver com a professora Conceição directamente, mas…)

O outro momento trata-se de uma espécie de carinho que nunca ninguém antes me tinha dito. Estamos habituados a que os outros tenham uma opinião errada de nós e nos julguem pela aparência ao ponto de não acreditarmos que há alguém no mundo que achará graça às nossas escolhas e não nos condenará por elas. Um dia, ia eu falar com a professora Conceição sobre o meu trabalho e ela, em vez de me chamar pelo meu nome, chamou-me de “minha gótica”, mas do modo mais doce que a expressão possa ser dita e fazendo-me acreditar que, afinal, existem pessoas que conseguem ver para além dos estereótipos…

Saber de Experiência feita

Olho para trás e quase não o vejo. Será que o meu primeiro ano em Jornalismo foi assim há tanto tempo? (ou preciso mudar outra vez as lentes?) Do meu primeiro ano, lembro-me das alturas em que pensava que nunca ia gostar do meu curso, lembro-me dos momentos que vivi em Praxe, e lembro-me de dois professores, em especial.

Lembro-me que tinha on-line às 9h da manhã de quinta-feira. Nessa altura, o professor Fernando Zamith ainda me deixava um bocadinho tonta e enjoada, quando se punha a andar em círculos na sala (ou para trás e para frente, o que ainda era pior). (Também nessa altura ainda não conhecia o professor Hélder e achava que todos os elogios que o professor Fernando lhe tecia eram exagerados).

E devo dizer que se por um lado, foi o professor Hélder que me obrigou (sim, porque essa é que é a verdade) a construir este Blog, por outro lado, foi com o professor Fernando que tudo começou…

Era uma bela manhã de primavera. Tínhamos apresentado um projecto para um novo Blog e já tínhamos saído para a rua para fazer as nossas reportagens de estreia. A inauguração seria dia 21 de Junho e o tema seria o Porto. Falo do nascimento da Rosa-dos-ventos, o Blog-jornal da turma 2 do 1º Ano. E que era o pai desse blog? Nada mais nada menos que o professor Fernando

E isso foi importante, perguntam? Foi, pelo menos para mim, que nunca tinha saído para o terreno na faculdade. Pela primeira vez, vi-me na rua, com uma colega que sabia tanto de jornalismo como eu e tivemos de nos desenrascar: fizemos texto, fotos… E se me perguntarem hoje, se aprendi algo durante o tempo que estive na Rosa, eu direi, sem qualquer dúvida, que sim. Estivemos por nossa conta. Experimentamos trabalhar uns com os outros. Experimentamos ser nós a escolher os temas. Organizamos nós as nossas reuniões… Foi giro enquanto durou…

O outro professor foi o Frederico Martins Mendes. Muitos podem pôr em causa a sua maneira de dar as aulas, eu nunca o farei. Não me posso estar a queixar de uma das poucas pessoas que, no primeiro ano, me fez acreditar que um jornalista pode estar ligado às ciências. Ao longo de um semestre (porque é que um semestre dura tão pouco tempo?) diverti-me sempre bastante e sentia que estava no curso de Jornalismo.

“Escrevam um texto sobre o 25 de Abril, com um mínimo de 45 linhas, para entregar no final da aula…” a 30 minutos de acabar o tempo, não custava assim tanto e fez-me sentir o que um dia mais tarde senti na redacção de um jornal de verdade, o que é ter de trabalhar numa corrida contra o tempo, para não se perder a notícia. Foi uma experiência muito gratificante…

E claro que também admiro muito o professor Frederico por, mesmo sem saber, me fazer acreditar que eu tinha algum valor e que sabia escrever, quando outros diziam o contrário. Nunca um “bela reflexão pessoal” me vai soar tão bem…

Tanto o professor Fernando como o professor Frederico marcaram a minha vida pela experiência que me abrigaram (e, mais uma vez, não há outra palavra para substituir esta) a conseguir. Nem sempre um bom professor é aquele que despeja a matéria toda na aula. Obrigar o aluno a mexer os pauzinhos é tão, ou mais, importante que obriga-lo a devorar apontamentos.

O Regresso dos Cromos (no bom sentido, como sempre…)

Para aqueles que julgavam que o curso de Jornalismo só tinha três professores, aqui estou eu, mais uma vez, para falar de outros profissionais que ainda perdem tempo connosco…

Sendo assim, já coloquei o despertador para as 7h (não vá adormecer no computador), já escolhi três músicas para tocarem indefinidamente no Windows Media Player (onde é que eu fui arranjar o vício de ouvir a mesma música vezes sem conta?) e já arranjei a merenda para esta noite… (Não há nada como ver um episódio de Wrestling para nos inspirarmos, quando queremos falar dos nossos professores…)

Agora nada me pára! Vai ser uma maratona…