segunda-feira, novembro 27, 2006

No limiar da Morte

Palpita detro de mim a tua realidade. Oiço-te no perturbado pensamento como única realidade que até ao fim me acompanha. No teu enigma, visivelmente te pressagio. Desde a primeira luz estiveste a meu lado como símbolo perfeito de perigo e rebeldia. Hierático no teu abismo, com a sua atração de tudo o que é ignorado, foste o maior desafio.

Cada dia que passa pactuas melhor com os meus sentido, tranquiliza-los, reduze-los, silencia-los neste estranho limiar onde me tens. Metódico e paciente exercitas o teu ofício. Ao despertar percebo o frio raso que deixaste na minha pele nublando as minhas memórias, derramando na mente a sede da tua substância. Sem ti não existiria o fulgor do efémero, nem a radiante intensidade que eleva, nem os sonhos seriam o fervor do futuro.

Por ti avança silencioso o reino que me acolhe. Tu és o escultor do instante, por ti invoco a terra, a avides do desejo, e até chego a pensar que és o próprio Deus; porque sem a tua presença só me restaria viver com tédio sem chama nem nostalgia, sem a sombra da vertigem que para o teu interior me empurra.

3 comentários:

Anónimo disse...

Quem é o Incubo (ou inccunbus, como preferires que te acompanha nas noites solitárias?

Filipa Moreira disse...

Como não te conheço creio que também não o conheces tu...

Anónimo disse...

Quem te disse que não me conheces?