segunda-feira, julho 16, 2007

Hoje

(um hoje que é mais ontem, mas que só agora pode ser aqui escrito)

Hoje acordei, depois de uma vida inteira a dormir. Acordei para um novo ano que começou há pouco, que eu queria diferente, mas que me parece igual aos outros. Durante 20 anos desejei o mesmo: desejei encontrar o meu anjo caído. Agora encontrei-o e sei que é ele, só pode ser. Nesses 20 anos que passaram tive tempo para pensar em todos os momentos que passaria ao seu lado, em todas as frases que diria, nas que ouviria, nos movimentos, nos suspiros.

Contudo, ninguém me avisou que o meu anjo caído seria imprevisível e que nunca nada seria como eu sonhara. Os meus sonhos de ser tratada como uma rainha (que outros me tinham feito sonhar) não foram arruinados, mas estão agora tão longe que já nem os sinto. Não passam agora de uma memória e de uma promessa, muito vaga, para um futuro distante.

O caminho parece ser tão longo e penoso. Só vejo Trevas e só sinto espinhos cravados no meu coração. Quando estou ao seu lado, tudo parece brilhar. No início eu sentia-me única, o meu sonho realizou-se. Mesmo quando as coisas não eram como eu sonhava eram boas. O tempo passou e as coisas foram arrefecendo.

Quando a noite cai sobre a minha alma já não me sinto desejada e penso que apenas me toca como se me estivesse a fazer um favor…

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