quinta-feira, dezembro 02, 2004

I am my own god

(“Agora deu-lhe para a religião”, dizem. “Porque não?”, pergunto eu)

Às vezes perguntam-me o que é que eu sou, em termos religiosos. Já fui tantas coisas que se me pusesse a contar a minha história demoraria uma eternidade. Mas também sinto um bocado a necessidade de dizer aos outros o que me vai na mente.

Sou ateia! Não acredito em nenhum deus seja ele bom ou mau. Já fui católica, já andei numa escola Dominicana, já fui adoradora do diabo (se considerarem isto como uma manifestação religiosa), já fui pagã, já fui agnóstica… Actualmente, preocupo-me mais com o meu estudo sobre as diferentes formas religiosas do que com a sua prática.

Estou a estudar uma publicação de testemunhas de Jeová, estou a pesquisar na Internet sobre Satanismo. E o que mais me tem chamado a atenção, na minha vivência do dia-a-dia, é que, apesar de a liberdade religiosa ser um directo de todos nós, na prática as coisas não funcionam assim tão bem. Ninguém se preocupa em perceber que cada um pode (e deve) escolher aquilo que é mais verdadeiro para si.

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A grande preocupação é que a religião defendida tenha o maior número possível de crentes, como se a veracidade das suas práticas e credos fosse directamente proporcional ao número de pessoas que os seguem. Não me parece que isso seja bem assim. O que faz de uma religião menos mentira são as práticas e credos em si.

Contudo, percebo (ou tento perceber, porque também sou humana) que as pessoas sintam a necessidade de acreditar que há algo melhor do que o aqui e agora, mas eu já não sei se sou capaz de acreditar em algo para além das minhas capacidades. Percebo que as religiões que seguem façam sentido para si, para mim já nada dessa natureza faz sentido.

Já fiz rituais mágicos enquanto fui pagã e já fiz um ritual satânico (sexual). E que mal é que isso tem para os outros? Eles também têm as suas missas e outros e eu não ando por aí a dizer que “isso não tem jeito nenhum”. Optei por viver a esta vida ao máximo porque não sei se terei outra oportunidade para o fazer, nenhum Homem pode julgar-me porque isso não é crime.

Sou verdadeira em tudo aquilo que sinto, nunca defenderia algo que não sentisse. Posso magoar aqueles que me amam e até gostariam que eu fosse católica, testemunha de Jeová… E se deus, de facto, existir e for infinitamente bom vai perceber que não posso ir contra aquela que é a minha natureza, aqui e agora…

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa noite. Gostaria de te dar os parabéns pelo blog, no qual já dei uma vista de olhos. Gostei particularmente de alguns temas e, se me permites, aqui fica a minha visão sobre este último.
Bom, aqui há algum tempo, eu considerava-me agnóstica. O Agnosticismo, resumidamente, é uma doutrina filosófica que afirma ser impossível ao ser humano atingir a verdade íntima das coisas, e como tal, não apresenta qualquer explicação para a existência ou não-existência de deus (ou qualquer entidade superior ao ser humano). Cheguei à conclusão, porém, de que, para alguém como eu, esta era uma explicação bastante minimalista e conformista, que não me chegava como afiliação filosófica, por não servir os meus objectivos de conhecimento.
Após ter estudado, de perto ou de longe, algumas religiões e filosofias de vida, concluo que o importante não é ter uma religião, o importante é ter uma espiritualidade. Religião sem este princípio cai em saco roto.
Ainda não me acho capaz de estabelecer os princípios totais da minha espiritualidade, muito menos um nome para uma possível religião, mas considero que deve andar algures nos caminhos do Paganismo.
Agora a derradeira questão: acredito em deus? Depende. A versão do velhinho de túnica branca e barbas, sentado num cadeirão de ouro acima das nuvens não é bem o que tenho em mente. Não acredito num deus que castiga os seus filhos, que não os deixa aprender com os seus erros e que deixa barbaridades acontecer com as obras da sua criação. Não me satisfaz a ideia de um deus que não seja igual ao ser humano, que não habite o mesmo espaço que ele, onde é verdadeiramente necessário que esteja. Não acredito num deus enquanto entidade superior.
Para mim, deus teria que ser algo que eu pudesse ver e sentir, algo igual a mim, mas que me complemente. A ideia mais clara que tenho do que deus será ocorre-me quando observo algo tão simples e que passa ao lado de tantos mortais: a vida. Sim, prefiro sorrir agarrada a uma árvore do que questionar-me olhando para as nuvens.


Sinceramente, Velvet_Scar
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