terça-feira, março 29, 2005

I have a dream…

Parti de férias e na mala levei um texto de apoio à cadeira de Semiótica da Comunicação Social, um artigo do Expresso, de 97, escrito por António Eça de Queiroz (este nome não me é estranho… Será o amigo do Joaquim?).

”Será que um automóvel pode ser considerado um objecto sexual?”, lia-se no início. Um automóvel normal, como aquele que os nossos pais têm na garagem ou estacionado no passeio e que está sujeito às condições climatéricas? … Não me parece… Mas e se estivermos a falar de algo muito maior, de um automóvel que povoa o nosso imaginário desde que nos reconhecemos como gente, mas que sabemos que nunca o vamos poder ter? Nesse caso a resposta é bem diferente.

Um Ferrari não é apenas um automóvel. Mesmo que o meu namorado tivesse dinheiro suficiente, nunca compraria um Ferrari porque sabe que se o fizesse era namorada do carro e não dele. A minha teoria é esta: Ninguém escolhe um Ferrari para conduzir; o Ferrari é que escolhe aquele por quem quer ser conduzido.

Ter um Ferrari é o que ter um deus em casa. E porque é que é assim? Será que não serve para o mesmo que todos os outros automóveis? É obvio que não… Em primeiro lugar, um Ferrari não é só um Ferrari, não se resume a um objecto, mas trás uma história consigo. Ninguém (quer goste, quer não goste) fica indiferente à sua imponência. É impossível deixar que um Ferrari passe uma noite ao relento, e se estiver na garagem enche-a por completo, ofusca o que mais se encontrar por lá.

E isto não tem nada a ver com o dinheiro que custa. Poucos são os que compram um Ferrari pelo seu valor económico. Um Ferrari cria uma relação afectiva com o seu dono e torna-se num membro da família. E tudo isto acontece porque não é um automóvel… Mas sim um sonho… Um sonho de quem o compra, de quem o produz, de quem o idealiza, de quem deu toda a sua vida para que existisse (Enzo Ferrari).

Se me quiserem oferecer um Ferrari, por favor, não me ofereçam o Ferrari Enzo. Sou muito nova, não consigo aguentar o peso da história nem do tributo que ele representa. Ofereçam-me antes um F50, que foi, é e sempre será o carro da minha vida, e em que a relação qualidade/preço é bem razoável, principalmente para satisfazer as necessidades de uma estudante de Jornalismo e Ciências da Comunicação. (E já agora, se pudessem incluir bilhetes de avião, só de ida, para um desses países onde a poligamia é legal… assim eu podia aproveitar o meu Ferrari ao máximo…)

Creio que já respondia à pergunta inicial…

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