segunda-feira, junho 13, 2005

Saber de Experiência feita

Olho para trás e quase não o vejo. Será que o meu primeiro ano em Jornalismo foi assim há tanto tempo? (ou preciso mudar outra vez as lentes?) Do meu primeiro ano, lembro-me das alturas em que pensava que nunca ia gostar do meu curso, lembro-me dos momentos que vivi em Praxe, e lembro-me de dois professores, em especial.

Lembro-me que tinha on-line às 9h da manhã de quinta-feira. Nessa altura, o professor Fernando Zamith ainda me deixava um bocadinho tonta e enjoada, quando se punha a andar em círculos na sala (ou para trás e para frente, o que ainda era pior). (Também nessa altura ainda não conhecia o professor Hélder e achava que todos os elogios que o professor Fernando lhe tecia eram exagerados).

E devo dizer que se por um lado, foi o professor Hélder que me obrigou (sim, porque essa é que é a verdade) a construir este Blog, por outro lado, foi com o professor Fernando que tudo começou…

Era uma bela manhã de primavera. Tínhamos apresentado um projecto para um novo Blog e já tínhamos saído para a rua para fazer as nossas reportagens de estreia. A inauguração seria dia 21 de Junho e o tema seria o Porto. Falo do nascimento da Rosa-dos-ventos, o Blog-jornal da turma 2 do 1º Ano. E que era o pai desse blog? Nada mais nada menos que o professor Fernando

E isso foi importante, perguntam? Foi, pelo menos para mim, que nunca tinha saído para o terreno na faculdade. Pela primeira vez, vi-me na rua, com uma colega que sabia tanto de jornalismo como eu e tivemos de nos desenrascar: fizemos texto, fotos… E se me perguntarem hoje, se aprendi algo durante o tempo que estive na Rosa, eu direi, sem qualquer dúvida, que sim. Estivemos por nossa conta. Experimentamos trabalhar uns com os outros. Experimentamos ser nós a escolher os temas. Organizamos nós as nossas reuniões… Foi giro enquanto durou…

O outro professor foi o Frederico Martins Mendes. Muitos podem pôr em causa a sua maneira de dar as aulas, eu nunca o farei. Não me posso estar a queixar de uma das poucas pessoas que, no primeiro ano, me fez acreditar que um jornalista pode estar ligado às ciências. Ao longo de um semestre (porque é que um semestre dura tão pouco tempo?) diverti-me sempre bastante e sentia que estava no curso de Jornalismo.

“Escrevam um texto sobre o 25 de Abril, com um mínimo de 45 linhas, para entregar no final da aula…” a 30 minutos de acabar o tempo, não custava assim tanto e fez-me sentir o que um dia mais tarde senti na redacção de um jornal de verdade, o que é ter de trabalhar numa corrida contra o tempo, para não se perder a notícia. Foi uma experiência muito gratificante…

E claro que também admiro muito o professor Frederico por, mesmo sem saber, me fazer acreditar que eu tinha algum valor e que sabia escrever, quando outros diziam o contrário. Nunca um “bela reflexão pessoal” me vai soar tão bem…

Tanto o professor Fernando como o professor Frederico marcaram a minha vida pela experiência que me abrigaram (e, mais uma vez, não há outra palavra para substituir esta) a conseguir. Nem sempre um bom professor é aquele que despeja a matéria toda na aula. Obrigar o aluno a mexer os pauzinhos é tão, ou mais, importante que obriga-lo a devorar apontamentos.

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